Síndrome
da Transfusão Feto-Fetal é uma complicação que pode ocorrer nas gestações de
gêmeos quando os dois fetos (bebês) estão dividindo a mesma placenta porém, estão em bolsas diferentes. A Síndrome da
Transfusão Feto-Fetal ocorre em aproximadamente 5 a 20% das gestações
monocoriônicas (uma placenta). Sabemos que a Síndrome da Transfusão Feto-Fetal
é resultado do desequilíbrio no fluxo de sangue entre os dois bebês através de
comunicações entre vasos (artérias e veias) na placenta. Este desequilíbrio vai
fazer com que um dos bebês receba mais sangue do que o outro, portanto um feto
é classificado como de doador de sangue e o outro de receptor. Com isso ao
exame de ultrassom observa-se bebês de tamanhos desproporcionais, onde o doador
é normalmente um bebê pequeno e o receptor um bebê grande.
Durante
o exame de ultrassom o médico vai observar a presença de polidramnia (líquido
amniótico aumentado) em uma das bolsas e oligodramnia (líquido amniótico
reduzido) na outra. Na bolsa com o líquido amniótico aumentado encontra-se um
feto maior e com bexiga urinária aumentada de tamanho (bexiga muito cheia). Na
outra bolsa onde o líquido está diminuído o feto é pequeno e sua bexiga
urinária é difícil de ser visualizada, pois encontra-se vazia. O critério
utilizado para classificar o volume de líquido é um pouco diferente das
gestações únicas e considera-se como aumentado (polidramnia ou polidrâmnio)
quando o maior bolsão vertical de líquido mede 8 cm ou mais e oligodramnia
(oligoâmnio ou oligodrâmnio) quando o bolsão mede menos de 2cm. A Síndrome da
Transfusão Feto-Fetal pode ocorrer em gestações múltiplas com dois fetos ou
mais, exemplo trigêmeos, quadrigêmeos, etc…, mas para isso ocorrer é necessário que dois
fetos (bebês) estejam compartilhando a mesma placenta.
Diante
de uma gestação de gêmeos com diagnóstico de Síndrome da Transfusão Feto-Fetal
se for adotada uma conduta expectante (ou seja, não fazer nenhum tipo de
tratamento) a mortalidade perinatal pode chegar a 100% para os dois bebês. Se
for adotada uma conduta ativa, realizando um tratamento dentro do útero (as
chamadas condutas invasivas), nós podemos conseguir uma redução desta mortalidade.
Como terapias existentes nós poderíamos citar a amniocentese seriada (retirada
de líquido da bolsa amniótica através de uma agulha) e o tratamento com laser
(cauterização) dos vasos (artérias e veias) comunicantes.
A amniocentese
seriada tem por objetivo diminuir o risco de parto prematuro através da redução
do volume de líquido amniótico da maior bolsa amniótica (bebê receptor). Este
procedimento é realizado tantas vezes quantas forem necessárias, e a frequência
com que será realizado depende da rapidez com que ocorra novamente o acúmulo do
líquido na bolsa amniótica. A amniocentese seriada está associada a taxas de
sucesso de 66% (para 1 sobrevivente) e com risco de paralisia cerebral de 15%.
O
tratamento com Laser tem por objetivo interromper a troca sanguínea entre os
dois bebês. Esta terapia apresenta taxa de sucesso de 85% (sobrevivência de
pelo menos um dos fetos) e em torno de 4% de paralisia cerebral. Entretanto é
extremamente cara e poucos centros no mundo tem habilidade e material técnico
para realizar este procedimento.
As
informações aqui apresentadas são de maneira resumida. Para maiores
esclarecimentos sobre esta Síndrome é importante consultar um Especialista em
Medicina Fetal.
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