segunda-feira, 11 de maio de 2015

O TOQUE

   A IMPORTÂNCIA DO TOQUE E A MASSAGEM NO BEBE 



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Todos os pais sabem como tocar nos seus filhos, mas do simples toque à massagem  pode levar algum tempo. Sejam pequeninos ou recém-nascidos robustos, o ambiente da unidade, a situação clínica e a parafernália de tubos e fios podem dificultar a expressão de carinho, atenção, disponibilidade e amor. Para muitos pais são obstáculos perfeitamente supérfluos quando o que importa é oferecer amor, sentir e dar a entender ao bebé que estão presentes e que os amam acima de qualquer coisa. Para outros há que reinventar o tocar num enquadramento que nunca esperavam encontrar entre si e o seu bebé.
O tato é o primeiro sistema sensorial a estar maduro durante a gestação constituindo a primeira ponte entre o embrião e o meio envolvente. Quando um bebé nasce, e para os prematuros também, é através dele que recebem as primeiras informações do mundo extra-uterino.  A pele funciona como um interface importante com o mundo exterior recolhendo sensações positivas e negativas. Mesmo a dormir o cérebro recebe informações permanentes através da pele como sensações de frio, quente, dor, conforto, desconforto, amor e afeto, bem como a separação e a solidão. Podemos relaxar ou sentir a presença de quem nos toca.
Para um bebé que nasce prematuro ou doente e que  necessita de intervenção médica existem um sem número de cuidados que envolvem a preocupação primordial com a sua sobrevivência não sendo difícil de perceber que para eles a emergência de manter as funções vitais pode apenas significar que o seu primeiro contacto com outro ser humano fora do útero materno pode ser muito doloroso e até violento. De início todas as atividades centram-se em cuidados de manutenção das funções vitais como a inserção de tubos e catéteres, a colheita de sangue, ou a administração de medicamentos. Este tipo de manipulação tende a ser mais frequente quanto mais pequeno, frágil e instável é o bebé. Por ventura seriam estes os que mais beneficiariam de momentos de tranquilidade! Gradualmente estes bebés cujas experiências positivas de calma e afeto são pouco frequentes começam a reagir de forma menos positiva ao toque e há presença do outro. Experiências repetidamente dolorosos e desconfortáveis aumentam as reações de recusa e afastamento tornando o bebé mais sensível e apreensivo quer às várias experiências táteis,  mesmo a interações social e afetivas de carinho dependentes do toque. Por este fato qualquer experiência menos positivas deve ser antecedida, intercalada e acompanhada por experiências de relaxamento, de toque com afeto e que alivie as tensões negativas dos cuidados mais exigentes. Muitas vezes o bebé está muito doente ou demasiado sensível ao toque e rotinas de massagem podem agravar ainda mais a sua intolerância.
O toque positivo ou afetivo é um tipo de toque com a intenção de entrar em sintonia, de alívio e relaxamento, e de transmissão de afeto e calma. Por este fato reveste-se de uma importância vital, tão vital como as intervenções médicas e a tecnologia de suporte das funções vitais. Existem autores que referem diversos efeitos benéficos  deste tipo de toque afetivo e da associação da voz tranquilizadora dos pais . Estes benefícios centram-se na redução de sinais de stress e de irritabilidade, de rigidez muscular, com impacto no desenvolvimento dos bebés quando integrados nas rotinas hospitalares e oferecidos com regularidade enfatizado a necessidade de rotinas de massagem durante o internamento.
Logo que possível os pais podem exercer aquilo que melhor sabem e querem dar amor. O toque é uma forma de o transmitir e os profissionais vão ajudar os pais a ultrapassar os medos e os obstáculos físicos como a incubadora ou os tubos e fios. A vinculação é outro dos processos que beneficia do toque precoce. O toque positivo torna-se assim uma atividade indispensável na tentativa de compensar o desgaste e o desconforto imprimido pelos cuidados menos sensíveis  ou de apoio à vida.Os pais devem fornecer sempre um apoio afetivo através do próprio toque e da associação de palavras de conforto. Significa que a cada passo o bebé precisa sentir que algo de bom lhe vai acontecer; que apesar da dor e do desconforto alguém o vai confortar, acarinhar e aconchegar.

Preparar e massajar o bebé

Os pais devem estar disponíveis, a unidade calma e o bebé receptivo. Quando os bebés são prematuros ou estão doentes eles podem manifestar uma grande sensibilidade e fragilidade a estímulos como o toque. A sucessão de intervenções clínicas, muitas delas dolorosas, pode agravar ainda mais as manifestações de desconforto e mesmo recusa. Os profissionais podem ajudar os pais a perceber os sinais de desconforto e a guiar os seus esforços na introdução das rotinas do toque positivo e da massagem.
O toque deve ser introduzido gradualmente de forma gentil e respeitando os sinais do bebé. Os pais devem transmitir tranquilidade relaxando por uns momentos em silêncio junto da incubadora: aqueça as mãos e respire fundo várias vezes. Depois pode pousar suavemente as mãos em concha envolvendo e abraçando o corpo do bebé, uma no tronco ou pernas, e a outra na cabeça. Observe a reação do bebé, e sinta-o a relaxar debaixo das suas mãos. Depois as mãos podem alternar outras zonas do corpo deixando sempre espaço para que o bebé relaxe. Durante algum tempo este pousar das mãos pode ser o único toque que o bebé permite (isto é que não sinta como desconfortável ou recuse). Tranquilize o bebé associando a voz, acalmando-o, dizendo que estará sempre com ele e que está ali para o ajudar, que em breve tudo passará e irão para casa. Ter em atenção que existem áreas do seu corpo em que o bebé poderá ser mais sensível e rejeitar o toque, sobretudo áreas onde sofreu dor e desconforto: o peito onde são usualmente colados os sensores para monitorização da função cardíaca, os braços ou pernas onde muitas vezes são colhidas amostras de sangue e colocados os soros, ou a cara onde são colados tubos e sondas. Estas áreas podem necessitar de mais tempo, mais atenção e mais gentileza. Nestas áreas só o pousar das mãos pode desencadear reações de afastamento. Respire fundo e diga-lhe que sabe que houve momentos de grande dor mas que ele é forte e juntos vão ultrapassar estes momentos. Relaxe, aqueça as mãos e aproxime-as do seu corpo em forma de concha, ou da área mais sensível, sem tocar e aguarde, transmita apenas o seu calor, paz e amor. Depois pouse gentilmente as mãos e envolva o membro ou a área, sem qualquer outro estímulo (sem falar). Pode balançar suavemente o peito ou tronco ritmadamente de um lado para o outro, em movimentos de pouca amplitude e sinta-o a relaxar. Envolva individualmente uma perna ou um braço nas mãos e oscile para cima e para baixo. São movimentos de relaxamento, suaves com o ritmo do bater do seu coração e ajudam a aliviar tensões, dor ou desconforto em zonas muito manipuladas ou picadas, ou onde foram retirados adesivos. Muitas vezes, durante os procedimentos, é suficiente colocar uma mão em concha envolvendo a sua cabecinha e oferecer um dedo para que o bebé agarre, se sinta mais confortável, apoiado e seguro. Durante a intervenção ou os movimentos de embalar não abandone outras áreas do copo, aconchegue-as junto do corpo do bebé com a ajuda de uma mantinha ou de rolos ou almofadas de posicionamento.
Sempre que quiser retirar as mãos, pare o movimento, relaxe as mãos sobre o corpo do bebé. Primeiro pense que as vai retirar ainda antes de iniciar o gesto, e suavemente retire as mãos de cima do corpo do bebé. Substitua as mãos por uma mantinha para aconchegar a pele nua e para que o bebé se sinta mais confortável.
Ao fim de algum tempo esta rotina diária pode dar lugar a movimentos de massagem mais complexos sobretudo em áreas menos sensíveis como as costas. 


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