A IMPORTÂNCIA DO TOQUE E A MASSAGEM NO BEBE
Todos os pais sabem como tocar nos seus
filhos, mas do simples toque à massagem pode levar algum tempo. Sejam
pequeninos ou recém-nascidos robustos, o ambiente da unidade, a situação
clínica e a parafernália de tubos e fios podem dificultar a expressão
de carinho, atenção, disponibilidade e amor. Para muitos pais são
obstáculos perfeitamente supérfluos quando o que importa é oferecer
amor, sentir e dar a entender ao bebé que estão presentes e que os amam
acima de qualquer coisa. Para outros há que reinventar o tocar num
enquadramento que nunca esperavam encontrar entre si e o seu bebé.
O tato é o primeiro sistema sensorial a
estar maduro durante a gestação constituindo a primeira ponte entre o
embrião e o meio envolvente. Quando um bebé nasce, e para os prematuros
também, é através dele que recebem as primeiras informações do
mundo extra-uterino. A pele funciona como um interface importante com o
mundo exterior recolhendo sensações positivas e negativas. Mesmo a
dormir o cérebro recebe informações permanentes através da pele como
sensações de frio, quente, dor, conforto, desconforto, amor e afeto, bem
como a separação e a solidão. Podemos relaxar ou sentir a presença de
quem nos toca.
Para um bebé que nasce prematuro ou
doente e que necessita de intervenção médica existem um sem número de
cuidados que envolvem a preocupação primordial com a sua sobrevivência
não sendo difícil de perceber que para eles a emergência de manter as
funções vitais pode apenas significar que o seu primeiro contacto com
outro ser humano fora do útero materno pode ser muito doloroso e até
violento. De início todas as atividades centram-se em cuidados de
manutenção das funções vitais como a inserção de tubos e catéteres, a
colheita de sangue, ou a administração de medicamentos. Este tipo de
manipulação tende a ser mais frequente quanto mais pequeno, frágil e
instável é o bebé. Por ventura seriam estes os que mais beneficiariam de
momentos de tranquilidade! Gradualmente estes bebés cujas experiências
positivas de calma e afeto são pouco frequentes começam a reagir de
forma menos positiva ao toque e há presença do outro. Experiências
repetidamente dolorosos e desconfortáveis aumentam as reações de recusa e
afastamento tornando o bebé mais sensível e apreensivo quer às várias
experiências táteis, mesmo a interações social e afetivas de carinho
dependentes do toque. Por este fato qualquer experiência menos positivas
deve ser antecedida, intercalada e acompanhada por experiências de
relaxamento, de toque com afeto e que alivie as tensões negativas dos
cuidados mais exigentes. Muitas vezes o bebé está muito doente ou
demasiado sensível ao toque e rotinas de massagem podem agravar ainda
mais a sua intolerância.
O toque positivo ou
afetivo é um tipo de toque com a intenção de entrar em sintonia, de
alívio e relaxamento, e de transmissão de afeto e calma. Por este fato
reveste-se de uma importância vital, tão vital como as intervenções
médicas e a tecnologia de suporte das funções vitais. Existem autores
que referem diversos efeitos benéficos deste tipo de toque afetivo e da
associação da voz tranquilizadora dos pais . Estes benefícios
centram-se na redução de sinais de stress e de irritabilidade, de
rigidez muscular, com impacto no desenvolvimento dos bebés quando
integrados nas rotinas hospitalares e oferecidos com regularidade
enfatizado a necessidade de rotinas de massagem durante o internamento.
Logo que possível os pais podem exercer
aquilo que melhor sabem e querem dar amor. O toque é uma forma de o
transmitir e os profissionais vão ajudar os pais a ultrapassar os medos e
os obstáculos físicos como a incubadora ou os tubos e fios. A
vinculação é outro dos processos que beneficia do toque precoce. O toque
positivo torna-se assim uma atividade indispensável na tentativa de compensar o
desgaste e o desconforto imprimido pelos cuidados menos sensíveis ou de
apoio à vida.Os pais devem fornecer sempre um apoio afetivo através do próprio toque e da associação de palavras de
conforto. Significa que a cada passo o bebé precisa sentir que algo
de bom lhe vai acontecer; que apesar da dor e do desconforto alguém o
vai confortar, acarinhar e aconchegar.
Preparar e massajar o bebé
Os pais devem estar disponíveis, a
unidade calma e o bebé receptivo. Quando os bebés são prematuros ou estão
doentes eles podem manifestar uma grande sensibilidade e fragilidade a
estímulos como o toque. A sucessão de intervenções clínicas, muitas
delas dolorosas, pode agravar ainda mais as manifestações de desconforto
e mesmo recusa. Os profissionais podem ajudar os pais a perceber os
sinais de desconforto e a guiar os seus esforços na introdução das
rotinas do toque positivo e da massagem.
O toque deve ser introduzido gradualmente
de forma gentil e respeitando os sinais do bebé. Os pais devem
transmitir tranquilidade relaxando por uns momentos em silêncio junto da
incubadora: aqueça as mãos e respire fundo várias vezes. Depois pode
pousar suavemente as mãos em concha envolvendo e abraçando o corpo do
bebé, uma no tronco ou pernas, e a outra na cabeça. Observe a reação do
bebé, e sinta-o a relaxar debaixo das suas mãos. Depois as mãos podem
alternar outras zonas do corpo deixando sempre espaço para que o bebé
relaxe. Durante algum tempo este pousar das mãos pode ser o único toque
que o bebé permite (isto é que não sinta como desconfortável ou recuse).
Tranquilize o bebé associando a voz, acalmando-o, dizendo que estará
sempre com ele e que está ali para o ajudar, que em breve tudo passará e
irão para casa. Ter em atenção que existem áreas do seu corpo em que o
bebé poderá ser mais sensível e rejeitar o toque, sobretudo áreas onde
sofreu dor e desconforto: o peito onde são usualmente colados os
sensores para monitorização da função cardíaca, os braços ou pernas onde
muitas vezes são colhidas amostras de sangue e colocados os soros, ou a
cara onde são colados tubos e sondas. Estas áreas podem necessitar de
mais tempo, mais atenção e mais gentileza. Nestas áreas só o pousar das
mãos pode desencadear reações de afastamento. Respire fundo e diga-lhe
que sabe que houve momentos de grande dor mas que ele é forte e juntos
vão ultrapassar estes momentos. Relaxe, aqueça as mãos e aproxime-as do
seu corpo em forma de concha, ou da área mais sensível, sem tocar e
aguarde, transmita apenas o seu calor, paz e amor. Depois pouse
gentilmente as mãos e envolva o membro ou a área, sem qualquer outro
estímulo (sem falar). Pode balançar suavemente o peito ou tronco
ritmadamente de um lado para o outro, em movimentos de pouca amplitude e
sinta-o a relaxar. Envolva individualmente uma perna ou um braço nas
mãos e oscile para cima e para baixo. São movimentos de relaxamento,
suaves com o ritmo do bater do seu coração e ajudam a aliviar tensões,
dor ou desconforto em zonas muito manipuladas ou picadas, ou onde foram
retirados adesivos. Muitas vezes, durante os procedimentos, é suficiente
colocar uma mão em concha envolvendo a sua cabecinha e oferecer um dedo
para que o bebé agarre, se sinta mais confortável, apoiado e seguro.
Durante a intervenção ou os movimentos de embalar não abandone outras
áreas do copo, aconchegue-as junto do corpo do bebé com a ajuda de uma
mantinha ou de rolos ou almofadas de posicionamento.
Sempre que quiser retirar as mãos, pare o
movimento, relaxe as mãos sobre o corpo do bebé. Primeiro pense que as
vai retirar ainda antes de iniciar o gesto, e suavemente retire as mãos
de cima do corpo do bebé. Substitua as mãos por uma mantinha para
aconchegar a pele nua e para que o bebé se sinta mais confortável.
Ao fim de algum tempo esta rotina diária
pode dar lugar a movimentos de massagem mais complexos sobretudo em
áreas menos sensíveis como as costas.
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