terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Crianças, menino no sofá, as maçãs, Pessoas



ESTIMULANDO O DESENVOLVIMENTO DE SEU FILHO 
 DE NOVE A DOZE MESES


    
A partir desta fase, costumamos observar grandes diferenças de desenvolvimento entre os bebês. Enquanto alguns podem estar ensaiando os primeiros passos aos nove meses, outros só começam a tentar depois do primeiro aniversário. As diferenças podem ser atribuídas ao ritmo próprio de amadurecimento de cada ser humano, à qualidade da estimulação prévia, à prematuridade ou às intercorrências clínicas, não devendo, como regra geral, constituir motivo de preocupação para os pais. 
    A fase é muito rica em termos de conquistas neuropsicológicas. A mielinização (amadurecimento) dos nervos periféricos se completa, propiciando melhor percepção dos estímulos táteis e do controle motor, aperfeiçoando substancialmente a qualidade da manipulação e da locomoção. As áreas de especialização do cérebro estão melhor definidas, propiciando o reconhecimento e classificação dos estímulos sensoriais. É sobretudo nesta fase que as conexões entre as diferentes áreas de especialização começam a ser feitas, principalmente entre o lobo frontal (que tem a função cognitiva, ou seja, de raciocínio) e os centros emocionais primitivos, iniciando o processo de elaboração dos sentimentos. 
    A criança começa a demonstrar, por exemplo, medo de pessoas estranhas, a apegar-se afetivamente a panos, travesseiros e bichos de pelúcia, ou a desenvolver os famosos traumas de infância, que nada mais são que experiências desagradáveis associadas a determinadas situações específicas e que despertam, de modo automático, emoções aparentemente injustificadas e exageradas na idade adulta. 
    Ao mesmo tempo que começa a conquistar o seu espaço tridimensional, a criança define relações familiares e afetivas, estrutura a comunicação não verbal efetiva, começa a elaborar os sentimentos e adquire capacidade representativa. A maioria das conexões cognitivas está estruturada, iniciando-se a etapa de aperfeiçoamento dos recursos cerebrais adquiridos. O processo de exploração e descoberta do mundo que se segue será período de intenso e prazeroso exercício mental que, se adequadamente estimulado e supervisionado, poderá resultar no aproveitamento máximo do potencial intelectual da criança
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1. O brinquedo é fundamental. 
  
 É através do brinquedo que a criança elabora em sua mente os fatos e acontecimentos da vida real. Ele serve como ferramenta de transposição do concreto para o abstrato, estimulando a interpretação dos rituais domésticos e a busca de referenciais e significados. Os melhores são os que permitem interação indireta com os pais, como os fantoches e bonecos. Quanto maior a variedade de formas, materiais e estruturas, mais oportunidades terá o cérebro de exercitar a capacidade de administrar informações. Brinquedos de encaixar auxiliam o domínio do tridimensional. Brinquedos interativos, como os chocalhos, reforçam a atitude exploratória. 
    Nesta fase, é redundância falar em brinquedo educativo, pois todos os brinquedos (mesmo as sucatas) contribuem de uma forma ou de outra para o exercício do desenvolvimento cerebral e podem, portanto, ser considerados educativos.  

2. A paciência é primordial. 
   
 Crianças desta idade começam a solicitar a repetição indefinida de jogos e atividades estimulantes (para elas), o que, para os adultos, não tem a mínima graça, desde a brincadeira de jogar ao chão objetos para serem apanhados pelos adultos, até a repetição, seguidas vezes, das mesmas histórias infantis. Repetir é importante para a estabilização das redes neuronais, mas não deve ser exagerada. Muitas vezes, ao iniciar um ciclo de repetição de determinadas atividades, a criança não consegue interromper o que está fazendo e começa a ficar angustiada, necessitando da intervenção do adulto para parar. Os pais devem atender às solicitações na medida do possível, ter paciência, tempo e disposição para participar das brincadeiras e sensibilidade para reconhecer o momento certo de parar as atividades.
  

3. O emocional pode fazer parte do jogo.



    


Uma das funções dos brinquedos é trabalhar o aspecto emocional. Quando os pais compreendem este fato, podem utilizar o brinquedo como instrumento educacional dentro das mais variadas perspectivas. Algumas crianças, inclusive, se apegam de maneira temporária ou permanente a determinados objetos ou brinquedos, que passam a representar aspectos e situações afetivas a transmitir segurança, amor e proteção. Os objetos transacionais têm importante papel na elaboração dos recursos psicológicos que permitem que o ser humano consiga libertar-se dos instintos primitivos e assumir posturas e atitudes racionais coerentes com seus interesses. 
    Durante a primeira infância, principalmente quando é amamentada ao seio, a criança estrutura em sua mente a chamada figura principal, ou seja a mãe que nutre, conforta, acaricia e traz segurança. Depois de alguns meses de vida, a figura principal nem sempre estará disponível para suprir as necessidades psicoativas da criança e, como esta não tem capacidade elaboradora para sentir-se bem sozinha, a sua primeira atitude será eleger um bicho de pelúcia, um travesseiro ou um pedaço de pano macio para representar a sua figura principal, obtendo, através desse objeto transacional, a segurança obtida através da presença da mãe.

ESTIMULANDO O DESENVOLVIMENTO DE SEU FILHO 
 DE DOZE A QUINZE MESES 
  
 A partir desta idade, a criança tem formada a estrutura básica da língua materna, podendo entender grande parte do que lhe seja dito. Começa aí o exercício de transferência do padrão sensorial auditivo para outra área cerebral motora, que, coordenando a musculatura respiratória, articular e laríngea, vai tentar reproduzir o sistema de sons armazenados, permitindo a comunicação verbal. 
    Durante o processo de elaboração motora do vocabulário, devido à dificuldade de controle do aparelho fonador, a criança vai falar errado e trocar a maioria dos fonemas. Os pais podem ter dificuldade para entender a mensagem da criança. Com um pouco de tempo, cria-se um vocabulário paralelo que, no momento inicial, se presta muito bem para a comunicação. Nesta fase, os pais não devem tentar corrigir o que a criança diz, sob o risco de inibir o momento mágico da aquisição da linguagem, e também não devem cair no extremo oposto, que é adotar os termos infantis utilizados pelo bebê para continuar a comunicação, sob o risco de reforçar os erros estruturais e alterar a estrutura sensorial auditiva. 
    A correção da estrutura de linguagem só deve ser feita à medida que os pais percebam que a criança consiga articular o fonema alterado. Por exemplo, um bebê pode iniciar a aventura linguística pedindo água através da palavra aba. Os pais devem entender e dar o que a criança solicita, reforçando a pronúncia correta, sem insistir. Mais tarde, quando os pais perceberem que a criança consegue, por exemplo, falar a palavra gato, então devem iniciar a correção de aba para agá e, mais tarde, para água, sempre respeitando as possibilidades da criança. 
    Nesta fase, os pais também podem iniciar sutilmente algumas noções mais elaboradas, como quantidades pequenas. Diferenças entre um, dois ou três objetos de mesma espécie podem ser demonstradas, lembrando sempre que este tipo de aprendizado nunca deve ser cobrado. Apesar de a criança ter a capacidade de apreender não verbalmente as noções, ela pode não ser capaz de elaborar verbalmente os conceitos. Noções espaciais, como em cima e embaixo, na frente e atrás, também podem ser introduzidas. Os brinquedos habituais podem auxiliar o aprendizado. 
    Na área motora, nota-se melhora progressiva da coordenação, tanto na andar como na manipulação de objetos. A criança começa a andar com autonomia, iniciando-se a fase mais perigosa da existência humana. Ao mesmo tempo em que a criança tem necessidade de explorar o ambiente e conquistar o espaço tridimensional, pode estar exposta aos mais diversos riscos, como quedas, cortes, intoxicações etc. O ideal é existir uma liberdade vigiada, com a eliminação sistemática de todos os riscos e perigos. 
    Para estimular a coordenação motora fina, nada melhor que os brinquedos de encaixar mais simples ou a brincadeira de guardar objetos em pequenas caixas. A criança, que antes agarrava os objetos, vai começar a utilizar o polegar para segurar os brinquedos e, depois, pegar pequenos objetos, utilizando o indicador e o polegar como pinça. Ao fornecer pequenos objetos à criança, sempre tomar o máximo de cuidado para que não exista a possibilidade de serem deglutidos ou inalados, causando lesões internas no bebê.  

ESTIMULANDO O DESENVOLVIMENTO DE SEU FILHO 
DE QUINZE A DEZOITO MESES 
   
 A dialética é a arte do diálogo. Nesta fase de estruturação verbal, o diálogo é uma das ferramentas mais importantes para o desenvolvimento dos recursos neurolinguísticos que serão utilizados e aperfeiçoados pelo ser humano durante o decorrer de toda a sua existência. Nas fases iniciais da vida, a dialética entre os pais e os bebês tem função estrutural, ou seja, os padrões sonoros, sendo armazenados e reforçados, estruturarão padrões reconhecíveis pelas áreas auditivas da mente. Quando a criança consegue relacionar as mensagens verbais às informações visuais concomitantes, acontece a dialética demonstrativa, iniciando o processo de interconexão entre diferentes áreas cerebrais. Quando o processo está estabelecido, as diferentes áreas do cérebro começam a interagir e a dialética se torna associativa, ou seja, as mensagens verbais desencadeiam a formação de imagens mentais e a criança reconhece pelo nome o objeto em questão, mesmo que esteja fora do seu campo de visão. A próxima conquista da mente será associar mais de dois padrões reconhecidos e temos então a dialética comparativa. 
    Os pais podem estimular o desenvolvimento dos filhos através do diálogo, seja ensinando os nomes dos objetos e ações (dialética demonstrativa), seja através do exercício de reconhecimento de mensagens (dialética associativa), seja pela estruturação de conceitos um pouco mais complexos, envolvendo ideias como tamanho (grande e pequeno), peso (leve e pesado), temperatura (quente, morno e frio), consistência (mole e duro), entre outros (dialética comparativa). 
    Todos esses exercícios estimulam as interconexões entre as células de diferentes áreas do cérebro, estruturando o arcabouço neurolinguístico primitivo diretamente relacionado com a qualidade da inteligência do indivíduo. 
    Uma das brincadeiras mais envolventes e estimulantes que trabalham estes conceitos é a de esconder e procurar objetos. No início, o desafio deve ser bem simples. O objeto em questão deve ser mostrado e ocultado sob as vistas da criança. Os pais, em seguida, perguntam onde está o objeto e logo o mostram novamente, especificando a sua localização, sempre com bastante animação e alegria. Com o tempo, os pais podem introduzir elementos mais complexos à brincadeira, acrescentando mais um objeto (por exemplo, um grande e um pequeno) e esclarecendo noções espaciais de localização (em cima, embaixo, na frente, atrás etc.). É importante estar ciente de que as noções serão apenas introduzidas. A assimilação dos conceitos é lenta e os pais não devem esperar que a criança demonstre verbalmente ter aprendido alguma coisa. 
    As conversas habituais com a criança também são ótimas oportunidades para treinar os conceitos e, com o tempo, os pais vão começar a desenvolver especial sensibilidade para perceberem qual o tipo de estímulo é mais adequado para cada situação. 
    No campo da coordenação motora, os brinquedos continuam sendo importantíssimos, principalmente aqueles que estimulam algum tipo de manipulação. O espaço e a liberdade de exploração são indispensáveis e começamos a notar crescente necessidade de a criança participar das atividades dos adultos e das reuniões familiares. A imitação sistemática da rotina diária torna-se uma das brincadeiras preferidas e é a maneira pela qual a criança começa a compreender a razão dos hábitos domésticos. Estas atitudes são um sinal de sintonia com o ambiente e perfeito desenvolvimento neuro psicomotor, devendo ser plenamente incentivadas, uma vez que contribuem decisivamente para a estruturação dos referenciais psicodinâmicos que apoiam a formação da identidade e da personalidade. 

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