A paralisia cerebral é um
estado caracterizado por fraco controle muscular, espasticidade, paralisia e
outras deficiências neurológicas, como resultado de uma lesão cerebral
produzida durante a gravidez, na altura do parto, depois do nascimento ou antes
dos 5 anos.
A paralisia cerebral não é
uma doença e também não é progressiva. As partes do cérebro que controlam os
movimentos musculares são particularmente vulneráveis à lesão nos bebês
prematuros e nos muito pequenos. A paralisia cerebral afecta 1 ou 2 em cada
1000 bebês, mas é 10 vezes mais frequente nos bebês prematuros e,
especialmente, nos de pouco peso.
Causas
Diferentes tipos de lesões
podem causar paralisia cerebral, mas, habitualmente, a causa é desconhecida. As
lesões produzidas durante o parto e o fraco fornecimento de oxigênio ao cérebro
antes, durante e imediatamente depois do nascimento são a causa de 10 % a 15 %
dos casos. Os bebés prematuros são particularmente vulneráveis, possivelmente
em parte porque os vasos sanguíneos do cérebro apresentam um desenvolvimento
anormal e sangram facilmente ou porque não podem proporcionar oxigênio
suficiente ao cérebro.
Os valores elevados de
bilirrubina no sangue, frequentes nos recém-nascidos, podem desembocar numa
doença chamada querníctero, com lesão cerebral. Contudo, a icterícia
resultante dos altos valores de bilirrubina no sangue pode ser hoje em dia
tratada facilmente nos recém-nascidos, e a incidência do querníctero diminuiu
notoriamente. Durante os primeiros anos de vida, doenças graves, como a
meningite, a sepse, o trauma e a desidratação grave, podem causar lesão
cerebral e desembocar em paralisia cerebral.
Sintomas
Os sintomas da paralisia
cerebral podem oscilar entre a falta de jeito quase imperceptível e a
espasticidade grave, que torce os braços e as pernas e confina a criança a uma
cadeira de rodas. Existem quatro tipos principais de paralisia cerebral:
· *Espástica (pela qual os músculos se tornam rígidos e fracos), que se manifesta
em aproximadamente 70 % das crianças com paralisia cerebral. Na paralisia cerebral
espástica, a rigidez pode afetar os braços e as pernas (quadriplegia),
sobretudo as pernas (paraplegia), ou apenas o braço e a perna de um lado
(hemiplegia). As pernas e os braços afetados encontram-se pouco desenvolvidos,
são rígidos e fracos.
· **Coreoatetóide (em que os músculos espontaneamente se movem devagar e sem
controlo), que se apresenta em aproximadamente 20 % das crianças com paralisia
cerebral. Na paralisia cerebral
coreoatetóide, os movimentos dos braços, das pernas e do corpo são lentos,
retorcem-se e são incontroláveis, mas também podem ser bruscos e esticões; as
emoções fortes pioram os movimentos e o sono fá-los desaparecer.
· ***Atáxica (pouca coordenação e movimentos inseguros), que ocorre em
aproximadamente 10 % das crianças com paralisia cerebral. Na paralisia cerebral
atáxica, a coordenação muscular é pobre, e existem fraqueza e tremores
musculares. As crianças que sofrem desta perturbação têm dificuldade em fazer
movimentos rápidos e caminham com pouco equilíbrio, com as pernas amplamente
separadas.
· ****Mista (em que dois dos tipos antes mencionados, em geral espástico e
coreoatetóide se combinam), que ocorre em muitas crianças.
Em todas as formas de
paralisia cerebral, a fala pode ser difícil de entender porque a criança tem
dificuldade em controlar os músculos que intervêm na pronúncia das palavras. A
maioria das crianças com paralisia cerebral tem outros problemas, como
inteligência inferior à normal ou atraso mental grave. Contudo, aproximadamente
40 % destas crianças têm uma inteligência normal ou quase normal. Em 25 % dos
casos de paralisia cerebral, em geral a de tipo espástico, produzem-se ataques
epiléticos.
Diagnóstico
A paralisia cerebral,
habitualmente, não pode ser diagnosticada nas primeiras etapas da infância.
Quando problemas musculares tais como o fraco desenvolvimento, a fraqueza, a
espasticidade ou a falta de coordenação se tornam evidentes, o médico tenta
controlar a criança para determinar se o problema se deve a uma paralisia
cerebral ou a uma perturbação progressiva, particularmente alguma que tenha
tratamento. Em geral não se pode precisar o tipo de paralisia cerebral antes de
a criança completar os 18 meses.
As provas laboratoriais não
podem identificar a paralisia cerebral. Contudo, para afastar outras
perturbações, podem realizar-se análises de sangue, estudos musculares
elétricos, biopsia muscular e tomografia axial computadorizada (TAC) ou
ressonância magnética (RM) do cérebro.
Tratamento
A paralisia cerebral não tem
cura, os seus problemas duram toda a vida. Contudo, existem alternativas que
podem realizar-se para facilitar a independência da criança.
A fisioterapia, a terapia
profissional, os colares e a cirurgia ortopédica podem melhorar o controlo
muscular e a marcha. A terapia da fala pode melhorar a capacidade de expressão
oral, contribuindo também para solucionar os problemas para comer. Os quadros
epiléticos podem ser controlados por meio de anticonvulsivantes.
Muitas crianças com paralisia
cerebral crescem normalmente e vão a escolas normais se não apresentarem
deficiências intelectuais e físicas graves. Outras exigem fisioterapia
extensiva, precisam de educação especial e estão muito limitadas nas
actividades diárias, exigindo algum tipo de cuidado e assistência por toda a
vida. Inclusive as crianças gravemente afectadas podem melhorar com a educação
e o treino.
A informação e a assistência
estão à disposição dos pais, a fim de os ajudar a entender a doença do filho e
o seu potencial, assim como para os assistir nos problemas à medida que eles se
vão apresentando. Para ajudar uma criança a alcançar o seu potencial mais
elevado, a atenção carinhosa dos pais pode combinar-se com a ajuda dos
organismos de assistência pública e privada, como as intervenções dos centros
de saúde e dos organismos de reabilitação com fins humanitários.
O prognóstico depende
habitualmente do tipo de paralisia cerebral e da sua gravidade. Mais de 90 %
das crianças com paralisia cerebral sobrevivem na idade adulta. Só as mais
gravemente afectadas (as que são incapazes de qualquer cuidado pessoal)
apresentam um prognóstico de vida muito reduzido.
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