quinta-feira, 2 de outubro de 2014

PARALISIA CEREBRAL


A paralisia cerebral é um estado caracterizado por fraco controle muscular, espasticidade, paralisia e outras deficiências neurológicas, como resultado de uma lesão cerebral produzida durante a gravidez, na altura do parto, depois do nascimento ou antes dos 5 anos.
A paralisia cerebral não é uma doença e também não é progressiva. As partes do cérebro que controlam os movimentos musculares são particularmente vulneráveis à lesão nos bebês prematuros e nos muito pequenos. A paralisia cerebral afecta 1 ou 2 em cada 1000 bebês, mas é 10 vezes mais frequente nos bebês prematuros e, especialmente, nos de pouco peso.
Causas
Diferentes tipos de lesões podem causar paralisia cerebral, mas, habitualmente, a causa é desconhecida. As lesões produzidas durante o parto e o fraco fornecimento de oxigênio ao cérebro antes, durante e imediatamente depois do nascimento são a causa de 10 % a 15 % dos casos. Os bebés prematuros são particularmente vulneráveis, possivelmente em parte porque os vasos sanguíneos do cérebro apresentam um desenvolvimento anormal e sangram facilmente ou porque não podem proporcionar oxigênio suficiente ao cérebro.
Os valores elevados de bilirrubina no sangue, frequentes nos recém-nascidos, podem desembocar numa doença chamada querníctero, com lesão cerebral. Contudo, a icterícia resultante dos altos valores de bilirrubina no sangue pode ser hoje em dia tratada facilmente nos recém-nascidos, e a incidência do querníctero diminuiu notoriamente. Durante os primeiros anos de vida, doenças graves, como a meningite, a sepse, o trauma e a desidratação grave, podem causar lesão cerebral e desembocar em paralisia cerebral.

Sintomas
Os sintomas da paralisia cerebral podem oscilar entre a falta de jeito quase imperceptível e a espasticidade grave, que torce os braços e as pernas e confina a criança a uma cadeira de rodas. Existem quatro tipos principais de paralisia cerebral:
·   *Espástica (pela qual os músculos se tornam rígidos e fracos), que se manifesta em aproximadamente 70 % das crianças com paralisia cerebral. Na paralisia cerebral espástica, a rigidez pode afetar os braços e as pernas (quadriplegia), sobretudo as pernas (paraplegia), ou apenas o braço e a perna de um lado (hemiplegia). As pernas e os braços afetados encontram-se pouco desenvolvidos, são rígidos e fracos.
·   **Coreoatetóide (em que os músculos espontaneamente se movem devagar e sem controlo), que se apresenta em aproximadamente 20 % das crianças com paralisia cerebral. Na paralisia cerebral coreoatetóide, os movimentos dos braços, das pernas e do corpo são lentos, retorcem-se e são incontroláveis, mas também podem ser bruscos e esticões; as emoções fortes pioram os movimentos e o sono fá-los desaparecer.
· ***Atáxica (pouca coordenação e movimentos inseguros), que ocorre em aproximadamente 10 % das crianças com paralisia cerebral.  Na paralisia cerebral atáxica, a coordenação muscular é pobre, e existem fraqueza e tremores musculares. As crianças que sofrem desta perturbação têm dificuldade em fazer movimentos rápidos e caminham com pouco equilíbrio, com as pernas amplamente separadas.
· ****Mista (em que dois dos tipos antes mencionados, em geral espástico e coreoatetóide se combinam), que ocorre em muitas crianças.

Em todas as formas de paralisia cerebral, a fala pode ser difícil de entender porque a criança tem dificuldade em controlar os músculos que intervêm na pronúncia das palavras. A maioria das crianças com paralisia cerebral tem outros problemas, como inteligência inferior à normal ou atraso mental grave. Contudo, aproximadamente 40 % destas crianças têm uma inteligência normal ou quase normal. Em 25 % dos casos de paralisia cerebral, em geral a de tipo espástico, produzem-se ataques epiléticos.
Diagnóstico
A paralisia cerebral, habitualmente, não pode ser diagnosticada nas primeiras etapas da infância. Quando problemas musculares tais como o fraco desenvolvimento, a fraqueza, a espasticidade ou a falta de coordenação se tornam evidentes, o médico tenta controlar a criança para determinar se o problema se deve a uma paralisia cerebral ou a uma perturbação progressiva, particularmente alguma que tenha tratamento. Em geral não se pode precisar o tipo de paralisia cerebral antes de a criança completar os 18 meses.
As provas laboratoriais não podem identificar a paralisia cerebral. Contudo, para afastar outras perturbações, podem realizar-se análises de sangue, estudos musculares elétricos, biopsia muscular e tomografia axial computadorizada (TAC) ou ressonância magnética (RM) do cérebro.
Tratamento
A paralisia cerebral não tem cura, os seus problemas duram toda a vida. Contudo, existem alternativas que podem realizar-se para facilitar a independência da criança.
A fisioterapia, a terapia profissional, os colares e a cirurgia ortopédica podem melhorar o controlo muscular e a marcha. A terapia da fala pode melhorar a capacidade de expressão oral, contribuindo também para solucionar os problemas para comer. Os quadros epiléticos podem ser controlados por meio de anticonvulsivantes. 
Muitas crianças com paralisia cerebral crescem normalmente e vão a escolas normais se não apresentarem deficiências intelectuais e físicas graves. Outras exigem fisioterapia extensiva, precisam de educação especial e estão muito limitadas nas actividades diárias, exigindo algum tipo de cuidado e assistência por toda a vida. Inclusive as crianças gravemente afectadas podem melhorar com a educação e o treino.

A informação e a assistência estão à disposição dos pais, a fim de os ajudar a entender a doença do filho e o seu potencial, assim como para os assistir nos problemas à medida que eles se vão apresentando.  Para ajudar uma criança a alcançar o seu potencial mais elevado, a atenção carinhosa dos pais pode combinar-se com a ajuda dos organismos de assistência pública e privada, como as intervenções dos centros de saúde e dos organismos de reabilitação com fins humanitários.

O prognóstico depende habitualmente do tipo de paralisia cerebral e da sua gravidade. Mais de 90 % das crianças com paralisia cerebral sobrevivem na idade adulta. Só as mais gravemente afectadas (as que são incapazes de qualquer cuidado pessoal) apresentam um prognóstico de vida muito reduzido.

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