ALIMENTAÇÃO ENTERAL EM RECÉM-NASCIDOS
O trato gastrointestinal do
recém-nascido pré-termo (RNPT) é imaturo em suas funções fisiológicas
digestivas, absortivas e imunológicas. A consequência é a limitação da função
digestiva, a maior permeabilidade aos nutrientes parcialmente digeridos,
especialmente peptídeos, e facilidade de translocação bacteriana, ocasionando a
chamada sepse endógena. A maturação do sistema imunológico intestinal se inicia
a partir da sexta semana de idade gestacional, ocorrendo ao mesmo tempo em
outros órgãos centrais, como o timo; as placas de Peyer se desenvolvem
concomitante no baço e no tecido linfóide intestinal. Gradativamente o
intestino sintetiza agregados de células CD4, linfócitos T e B e macrófagos.
O leite humano tem a função
de não somente prover IgA ao intestino imaturo, mas também hormônios (fator de
crescimento epitelial), outros elementos imunitários (imunoglobulinas não IgA),
células vivas (linfócitos T e B, macrófagos) e elementos nutricionais
(nucleotídeos, taurina e glutamina) que aceleram a maturação intestinal.
Por estes motivos, durante
as fases de transição e estabilização neonatal, o leite humano é de fundamental
importância na nutrição enteral do RNPT, em especial para aqueles gravemente
enfermos.
Quando se fala em nutrição
do recém-nascido pré-termo, a nutrição enteral é menos onerosa e tecnicamente
mais fácil em relação à parenteral, entretanto apresenta suas limitações,
particularmente naqueles recém-nascidos gravemente enfermos. Daí o surgimento
do conceito da nutrição enteral mínima, com o uso de pequenos volumes,
concomitante à nutrição parenteral.
Estudos mostram que esta
prática leva a menor tempo de intolerância gástrica e ganho de peso mais rápido
em relação aos recém-nascidos alimentados mais tardiamente.
A presença do alimento é
importante estímulo para o crescimento da mucosa intestinal. O efeito trófico
do leite humano sobre a mucosa é atribuído à presença de fatores de crescimento
como insulina, fator de crescimento epidérmico e pelo estímulo à liberação de
peptídeos endógenos (gastrina e colecistoquinina).
A administração de dieta
enteral precoce promove efeitos em outros tecidos como a maturação da função
muscular, facilitando a tolerância alimentar, a diminuição da resistência
vascular do baço com aumento do fluxo sanguíneo e melhor oferta de oxigênio,
com redução da incidência de enterocolite necrosante. Estão aumentados nestas
crianças a gastrina, a motilina e peptídeos pancreáticos que regulam uma
variedade de funções endócrinas que mantém a integridade do intestino e
contribui para a digestão e absorção de nutrientes.
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