Cólicas e regurgitações são
considerados comuns nos recém-nascidos e só devem ser consideradas como um
problema se interferirem no desenvolvimento das crianças.
O choro é uma das formas de comunicação dos
recém-nascidos, é o que mais chama a atenção dos pais. Apesar de bastante
frequente nos primeiros dias de vida, pode ser o sinal de que algo não está bem
com a criança. Dentre os principais motivos de preocupação estão os
desconfortáveis problemas digestivos, como a cólica e o refluxo. Esses
transtornos estão relacionados à imaturidade do sistema digestivo e nervoso
central e, para alívio das crianças e dos pais, tendem a serem minimizados
antes dos doze meses de vida.
Irritabilidade,
agitação ou choro durante pelo menos três horas por dia, mais de três dias na
semana em pelo menos três semanas, nas crianças que estão crescendo e se
desenvolvendo bem, pode ser sinal de cólica. “Geralmente o transtorno surge na
segunda semana de vida e se intensifica entre a quarta e a sexta semana”,
explica a professora do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da
UFMG, Maria do Carmo Barros de Melo.
Segundo a professora, a cólica é uma condição
transitória e sem riscos. “O transtorno normalmente ocorre no período da tarde
e à noite, e pode durar desde alguns minutos até várias horas”, esclarece. Nas
crises, o bebê normalmente encolhe as pernas sobre o abdome, abre os braços e
fecha as mãos, fica muito vermelho e chora, parecendo não se acalmar com nada.
“Depois de o choro desaparecer o bebê volta a ficar com o seu aspecto normal”,
completa.
Orientações
Embora pareça incontrolável, o choro não pode
trazer sensação de incompetência nos pais ou discórdia entre o casal. “A cólica
pode ser aliviada com a interação das crianças com os pais. Para isso, eles
precisam ter paciência”, orienta o professor Marcos Carvalho de Vasconcelos,
também do Departamento de Pediatria.
Para amenizar os quadros de cólica, a criança pode
ser colocada de bruços e ter a barriga aquecida com um pano morno. Outra forma
é abraçar o bebê para que ele sinta os batimentos cardíacos e a respiração dos
pais, como se fosse uma “volta ao útero”, aconselha a professora.
Refluxo
O refluxo, golfada de pequeno volume, é outro
motivo para o choro dos bebês. A maioria dos pais fica muito preocupada em ver
a criança devolvendo o alimento pela boca. Entretanto, é preciso ter
calma. “Não é qualquer regurgitação de leite que o bebê apresenta que
pode indicar algum problema”, ressalta a professora Maria do Carmo.
A regurgitação ocorre porque a transição entre o
esôfago e o estômago, conhecida como esfíncter esofagiano, ainda está em
desenvolvimento. Com a imaturidade, o esfíncter relaxa e não trabalha como deveria.
Por isso, o retorno de um pouco de leite após a mamada, quando o bebê arrota, é
normal. “Nesse caso, a criança é um ‘regurgitador feliz’, pois golfa após o
aleitamento e os pais não devem se preocupar”, ressalta o professor Marcos
Vasconcelos.
A golfada só vai ser considerada problema quando
interferir no desenvolvimento da criança. “O refluxo gastroesofágico pode ser
ocasionado por alteração na entrada ou na saída do estômago, ou alergia ao
leite de vaca”, diz o professor. De acordo com ele, o bebê com esse tipo de
refluxo não engorda, e pode ter problemas relacionados à aspiração do leite,
como tosse e bronquite.
O tratamento do refluxo gastresofágico passa por
mudanças na postura dos bebês ou pela utilização de medicamentos. Alimentar os
pequenos em intervalos menores, deitar somente depois de uma hora da mamada,
primeiro para o lado direito e depois do esquerdo, são algumas medidas que
contribuem para a melhor absorção do alimento pela criança, recomenda Maria do
Carmo.
Fonte: Assessoria
de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG
jornalismo@medicina.ufmg.br
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