Hoje vamos falar sobre a
introdução de alimentos sólidos na rotina do bebê prematuro. Todos sabem que,
para bebês a termo, os alimentos sólidos são introduzidos por volta dos 4 a 6
meses de vida. Mas e no caso dos prematuros? Os pais têm dúvidas sobre qual o
melhor momento para introduzir novos alimentos ao bebê; baseando-se na idade
cronológica ou na corrigida? E como será a aceitação dele? Poderá haver
problemas pelo fato dele ter nascido prematuro? Quais? O que fazer para
contorná-los?
Para sanar essas dúvidas, resolvemos
trazer um pouco do que os especialistas dizem sobre o assunto. De acordo com a
Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), a introdução de alimentos de maior
consistência para bebês prematuros deve ser feita sem pressa. No inicio do
processo, é normal que haja um estranhamento e até recusa. Para os pequenos,
são muitas mudanças ao mesmo tempo: o sabor é novo (frutas, legumes), a
consistência é diferente da que ele está acostumado (espessada/granulada), há
um objeto totalmente novo e muito estranho – a colher, que é mais rígida e fria
que o seio materno (a SBP recomenda o uso de colheres emborrachadas para a
introdução de alimentos sólidos para prematuros).
É preciso fazer a introdução da
alimentação complementar gradualmente e de acordo com o desenvolvimento de cada
bebê. A SBP recomenda que se espere até os 4 ou 6 meses de idade corrigida para
introduzir novos alimentos aos prematuros, pois nessa fase a maioria dos bebês
deverá ter um desenvolvimento dos órgãos fonoarticulatórios compatível com a
função de deglutição. Na prática, o que se vê é que os bebês prematuros acabam
amadurecendo mais rápido, o que acaba abreviando este passo. O acompanhamento
do pediatra durante esse processo é fundamental. O profissional que conhece o
histórico do bebê e que acompanha sua evolução saberá se ele está apto para dar
os próximos passos.
Vale ressaltar que alguns
prematuros podem apresentar o reflexo de vômito abolido ou exacerbado pelo uso
prolongado de sondas (SOG) e tubos oro-traqueais. Outros, por um
comprometimento neurológico, podem apresentar dificuldade para sugar e/ou não
conseguir coordenar a deglutição. Estes bebês devem ser encaminhados
precocemente a uma intervenção com fonoaudiólogo (se possível antes mesmo da
alta). Na criança com paralisia cerebral esta transição de consistência do
alimento e o uso de colher é mais complicada, devendo ser orientada sempre pela
fonoaudiologia.
Resumidamente, para que a
introdução dos alimentos sólidos ao bebê prematuro seja tranquila e
bem-sucedida, é preciso:
* Acompanhamento profissional: do
pediatra SEMPRE. De outros profissionais (fonoaudiólogo, psicólogo,
nutricionista), quando necessário.
* Paciência e persistência: são
fundamentais.
* Serenidade para: 1) aceitar que
seu filho é único e não pode ser comparado com outras crianças e 2) para fingir
não ouvir aqueles que o fazem.
E finalmente, uma vez que o bebê
está apto para iniciar a alimentação complementar, o ideal é, dentro do
possível, seguir as recomendações do Ministério da Saúde para alimentação saudável
em crianças menores de 2 anos:
Passo 1 – Dar somente leite
materno até os 6 meses, sem oferecer água, chás ou qualquer outro alimento;
Passo 2 – A partir dos 6 meses,
introduzir de forma lenta e gradual outros alimentos, mantendo o leite materno
até os dois anos de idade ou mais;
Passo 3 – Após 6 meses, dar
alimentos complementares (cereais, tubérculos, carnes, leguminosas, frutas e
legumes) três vezes ao dia, se a criança estiver em aleitamento materno;
Passo 5 – A alimentação complementar
deve ser espessa desde o início e oferecida de colher; iniciar com a
consistência pastosa (papas/purês) e, gradativamente, aumentar a consistência
até chegar à alimentação da família;
Passo 6 – Oferecer à criança
diferentes alimentos ao dia. Uma alimentação variada é uma alimentação
colorida;
Passo 7 – Estimular o consumo
diário de frutas, verduras e legumes nas refeições;
Passo 8 – Evitar açúcar, café,
enlatados, frituras, refrigerantes, balas, salgadinho e outras guloseimas, nos
primeiros anos de vida. Usar sal com moderação;
Passo 9 – Cuidar da higiene no
preparo e manuseio dos alimentos; garantir o seu armazenamento e conservação
adequados;
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