Estudo faz alerta sobre a situação da
prematuridade no Brasil
Brasília, 5 de agosto de 2013 – O estudo “Prematuridade e suas possíveis causas”, divulgado
hoje em Brasília, revelou que a prevalência de partos de crianças prematuras é
de 11,7% em relação a todos os partos realizados no País.
Esse percentual coloca o Brasil no mesmo patamar de países de baixa
renda, onde a prevalência é de 11,8%. Nos países de renda média o percentual é
de 9,4%, segundo o relatório “Born too Soon”, divulgado pela Organização
Mundial da Saúde em 2012.
O estudo foi apresentado hoje no evento Ciclo de Estudos, promovido pela
Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde (SVS/MS) para
especialistas da área.
Os pesquisadores investigaram os números da prematuridade no Brasil e
também o baixo peso ao nascer. O levantamento, apoiado pelo UNICEF e Ministério
da Saúde, foi liderado pelo Programa de Pós-graduação em Epidemiologia da
Universidade Federal de Pelotas e contou com a participação de 12 universidades
brasileiras.
Segundo o estudo, há um crescimento de partos prematuros no Brasil, ao
contrário do que se poderia esperar, já que o País vem reduzindo as suas taxas
de mortalidade.
O SINASC, sistema do Ministério da Saúde, apontava um discreto aumento
no percentual de prematuridade, de 6,8% para 7,2% entre 2000 e 2010.
Entretanto, o atual estudo corrige o valor de 2010 para 11,7%.
Segundo a OMS, em 2010, nasceram 15 milhões de crianças prematuras
(abaixo de 37 semanas de gestação). O Brasil está na décima posição entre os
países onde mais nascem prematuros.
A prematuridade é a principal causa de morte de crianças no primeiro mês
de vida, segundo dados do Ministério da Saúde (2011). Atualmente, a taxa
brasileira de mortalidade de crianças abaixo de 1 ano é de 16/1000 nascidos
vivos, segundo a Rede Interagencial de Informações para a Saúde - RIPSA. Cerca
de 70% das mortes acontecem nos primeiros 28 dias de nascimento.
Paradoxalmente, as regiões mais desenvolvidas (Sul e Sudeste) são as que
apresentam os maiores percentuais de prematuridade (12% e 12,5%,
respectivamente), seguidos pela Região Centro-Oeste (11,5%), Nordeste (10,9%) e
Norte (10,8%).
Um fator que chama atenção no estudo é como a cor de pele e a etnia
influenciam na prevalência da prematuridade. As mulheres indígenas apresentam o
maior percentual, de 8,1%. As mulheres de pele branca respondem pelo percentual
de 7,8%, seguida pelas mulheres de pele negra (7,7%), parda (7,1%) e amarela
(6,3%).
Outro fator que também pode influenciar nos partos prematuros é a idade
da mãe. A maior prevalência nesse quesito foi encontrada entre as gestantes
abaixo dos 15 anos de idade, respondendo com uma prevalência de 10,8% contra a
menor taxa encontrada, 6,7%, entre as mulheres na faixa dos 20 aos 34 anos.
Baixo Peso ao Nascer – O
estudo também investigou os dados de baixo peso das crianças ao nascer (menor
de 2.500 gramas). O percentual tem se mantido estável desde 2000, em torno de
8% do total de nascimentos.
Fatores como raça, etnia e a idade da mãe também têm influência na
prevalência dos casos de baixo peso ao nascer. Nesse caso, as mulheres
negras respondem pelo maior percentual de nascimentos de crianças abaixo do
peso (9,4%), seguida pelas brancas (8,3%) e pardas (8,2%). A menor taxa
encontrada foi entre as mulheres amarelas e indígenas: 7,6% e 7,7%,
respectivamente.
Novamente, as regiões com maiores prevalências são o Sudeste e o Sul e
as menores taxas estão no Norte e Nordeste. Os percentuais nas regiões Sudeste
e Sul não são compatíveis com o nível de desenvolvimento dessas regiões, nem
mesmo com os avanços dos indicadores de saúde materno-infantil.
Cesariana – Dados do estudo podem revelar uma estreita
relação entre o aumento da prematuridade e a realização de cesarianas.
As mais altas taxas são observadas nas regiões mais desenvolvidas regiões
Sudeste, Sul e Centro-Oeste, enquanto as mais baixas estão nas regiões Norte e
Nordeste.
Entretanto, para estabelecer essa relação com mais exatidão são
necessários estudos mais aprofundados.
O Brasil apresenta as mais altas taxas de cesarianas no mundo. Sua
frequência aumentou de 37.8% de todos os partos em 2000 para 52.3% em 2010. A
Organização Mundial da Saúde recomenda que a taxa de cesariana não ultrapasse
os 15%, e alerta que o excesso de cesarianas aumenta a mortalidade de mães e de
crianças.
Para o representante do UNICEF no Brasil, Gary Stahl, o estudo reforça a
urgência de esclarecer a relação de causa e efeito entre cesariana e
prematuridade. “Isso contribuiria para reduzir a epidemia de cesarianas no
Brasil e reverter o quadro de prematuridade.”
Para ele, isso só poderá ser feito por uma ação articulada entre
gestores e profissionais da saúde.
O representante do UNICEF destaca as recomendações do estudo
relacionadas à necessidade de dar foco à melhoria da escolaridade das mulheres,
à redução da gravidez na adolescência e à atenção especial à população
indígena.
Compromisso com a sobrevivência infantil – O
estudo é uma contribuição para o “Compromisso com a sobrevivência infantil: uma
promessa renovada”, uma iniciativa do UNICEF e dos governos dos EUA, Índia e
Etiópia, em apoio à estratégia Toda Mulher Toda Criança, da Assembleia Geral da
ONU, lançada em 2010.
O compromisso tem como objetivo acelerar os esforços dos governos e da
sociedade de reduzir as mortes evitáveis de crianças de até 5 anos, com ênfase
nos primeiros dias de vida. O objetivo é reduzir a mortalidade na infância para
20 ou menos óbitos de crianças por 1.000 nascidos vivos em todos os países até
2035.
Para os países como o Brasil, cuja taxa da mortalidade na infância está
abaixo de 20/1000, o desafio é reduzir essa taxa nas populações mais
vulneráveis.
O cumprimento dessa meta histórica salvará a vida de 45 milhões de
crianças a mais até 2035, fazendo com que o mundo chegue mais perto da meta de
acabar com as mortes evitáveis de crianças. Saiba mais em www.apromiserenewed.org.
Fonte: Unicef Brasil
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