Fibrose
cística, ou mucoviscidose, é uma doença genética que se manifesta em ambos os
sexos. O gene defeituoso é transmitido pelo pai e pela mãe (embora nenhum dos
dois manifeste a doença) e é responsável pela alteração no transporte de íons
através das membranas das células. Isso compromete o funcionamento das
glândulas exócrinas que produzem substâncias (muco, suor ou enzimas
pancreáticas) mais espessas e de difícil eliminação.
Sintomas
A fibrose
cística afeta os aparelhos digestivo e respiratório e as glândulas sudoríparas.
A
obstrução dos ductos pancreáticos pela secreção mais viscosa impede que as
enzimas digestivas sejam lançadas no intestino. O paciente tem má absorção de
nutrientes e não ganha peso, apesar de alimentar-se bem. Apresenta também maior
número de evacuações diárias e elimina fezes volumosas, com odor forte e
gordurosas.
Essa
obstrução por secreção mais espessa também pode acometer os ductos biliares. A
bile retida no fígado favorece a
instalação de um processo inflamatório.
Entretanto,
o aparelho respiratório é a área mais delicada da doença. O pulmão produz muco
espesso que pode ficar retido nas vias aéreas e ser invadido por bactérias.
Outros sintomas são tosse com secreção produtiva, pneumonias de repetição,
bronquite crônica.
A
alteração do transporte iônico nas glândulas sudoríparas compromete a
reabsorção de cloro. Níveis aumentados de cloro ajudam a reter água e sódio o
que deixa o suor mais salgado.
Mulheres
portadoras de fibrose cística têm mais dificuldade para engravidar porque o
muco cervical mais espesso dificulta a passagem dos espermatozoides. Já 98% dos
homens são estéreis, embora tenham desempenho e potência sexual absolutamente
normal.
Diagnóstico
* Teste
do suor: é específico para diagnóstico de fibrose cística. Níveis de cloro
superiores a 60 milimoles por litro, em duas dosagens, associados a quadro
clínico característico, indicam que a pessoa é portadora da doença;
* Teste
do pezinho: feito rotineiramente nas maternidades para três doenças congênitas,
deve incluir a triagem para fibrose cística. Embora existam falsos positivos,
resultado positivo é sinal de alerta que não deve ser desprezado;
* Nos
recém-nascidos, a fibrose cística pode provocar obstrução ileomeconial.
Portanto, se a criança não eliminar naturalmente mecônio nas primeiras 24, 48
horas de vida, é preciso dar continuidade à investigação;
* Teste
genético: identifica apenas os tipos mais frequentes da doença, porque as
mutações do gene são muitas e os kits, padronizados. Mesmo assim, esse teste
cobre aproximadamente 80% dos casos.
Prevalência
Vinte por
cento da população são portadores assintomáticos do gene da fibrose cística,
uma doença que acomete mais os brancos puros, é mais rara nos negros e muito
rara nos orientais. Em países de grande miscigenação racial, a enfermidade pode
manifestar-se em todo o tipo de população, mais cedo se o espectro das mutações
do gene for mais grave e, mais tardiamente, se for mais leve.
Tratamento
É
fundamental para o tratamento da fibrose cística, além de garantir a
reidratação e a reposição de sódio, especialmente nos dias de calor:
* Boa
nutrição do paciente, por meio de dieta rica em calorias sem restrição de
gorduras;
*
Suplementação de enzimas pancreáticas para auxiliar a digestão;
*
Reposição das vitaminas lipossolúveis A, D, E, K;
*
Inalações diárias com soro fisiológico, bronco dilatadores ou mucolíticos,
conforme as características da secreção;
*
Fisioterapia respiratória para facilitar a higiene dos pulmões e evitar
infecções;
*
Prescrição de antibióticos em casa ou no hospital, nos casos mais graves.
O
tratamento de fibrose cística evolui bastante nas últimas décadas. Isso garante
aos pacientes vida mais longa e de boa qualidade.
Recomendações
* Procure
afastar qualquer indício de sentimento de culpa se seu filho for portador de
fibrose cística. Você é tão culpado por ter-lhe transmitido esse gene quanto
por ter transmitido o gene que lhe deu a cor dos olhos ou o tom da pele;
*
Verifique se o teste do pezinho inclui a triagem para a fibrose cística, quando
nascer uma criança em sua família;
* Esteja
atento à boa nutrição do portador de fibrose cística. Paciente bem nutrido pode
atingir as curvas normais de peso e altura;
*
Convença o paciente a praticar atividade física. Natação, por exemplo, ajuda a
trabalhar a musculatura da caixa torácica;
* Não se
esqueça de que os portadores da doença, desde que adequadamente tratados,
conseguem levar vida normal e de boa qualidade.
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