quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

REANIMAÇÃO NEONATAL



Os primeiros minutos da vida de um recém-nascido (RN) são críticos, pois representam um período no qual a criança está sofrendo uma transição repentina do útero materno para o meio extra-uterino. Um dos maiores problemas encontrados nesse período é a asfixia perinatal. Os neonatos são mais propensos à asfixia e tem uma probabilidade maior de necessitarem de reanimação do que indivíduos de quaisquer outras faixas etárias. O atendimento ao paciente asfixiado logo após o nascimento pode afetar diretamente a sua qualidade de vida e ter consequências a vida inteira.
Todo RN tem o direito de receber, se necessário, uma reanimação realizada com alto nível de competência. O material apropriado deve estar disponível em toda sala de parto, e os profissionais de saúde devem estar aptos a reanimar o RN e capacitados a trabalhar de maneira integrada, em equipe.

Apnéia

Parada respiratória que ultrapasse a duração habitual da pausa de um ritmo periódico, habitualmente maior que 20 segundos, acompanhada de bradicardia e cianose.
A compreensão da fisiopatologia da asfixia irá ajudar a selecionar a conduta apropriada para reanimação do RN.

Apnéia primária

Quando o feto ou o RN sofre privação de oxigênio, no período inicial nota-se a presença de movimentos respiratórios rápidos. Se a asfixia persiste, cessam os movimentos respiratórios, a frequência cardíaca começa a cair e o paciente entra em um período de apnéia, conhecido como apnéia primária. A administração de oxigênio suplementar e o estimulo tátil, durante esse período de apnéia levam ao reinício da respiração espontânea, na maioria dos pacientes.

Apnéia secundária

Se a asfixia persiste, o RN desenvolve movimentos respiratórios profundos, semelhantes a suspiros (gaspings), a frequência cardíaca  continua a diminuir e a pressão arterial começa a cair. Os movimentos respiratórios tornam-se cada vez mais fracos, até o ultimo suspiro, quando o RN entra em um período de apnéia, chamado apnéia secundária. Durante a apnéia secundária, a frequência cardíaca, a pressão arterial continua a cair cada vez mais. Nessa fase, o RN não responde à estimulação tátil. A ventilação com pressão positiva deve ser iniciada imediatamente.
O parto de um neonato deprimido ou asfixiado pode ser previsto com base na anamnese, ou seja a história gestacional materna. 

Fatores que aumentam o risco de asfixia:

Período pré-parto: diabetes materno, doença hipertensiva especifica da gravidez (DHEG), isoimunização Rh, natimorto pregresso, sangramento no segundo ou terceiro trimestre, infecção materna, gestação múltipla, discordância entre peso e idade gestacional, dependência de drogas.

Período intraparto: cesárea, apresentação anormal, trabalho de parto prematuro, amniorrexe superior a 24hs, liquido amniótico meconial, parto prolongado (>24hs), período expulso prolongado(>2hs), frequência cardíaca fetal inconstante, uso de anestesia geral, tetania uterina, prolapso de cordão, placenta prévia.

ABC da Reanimação

A – Vias aéreas
- Posicionar o RN adequadamente
- Aspirar a boca, as narinas e em alguns casos a traquéia
- Se necessário, inserir a cânula traqueal para manter a via aérea pérvia.

B – Respiração
- Usar a estimulação tátil, para iniciar os movimentos respiratórios.
- Empregar a ventilação com pressão positiva quando necessário através de balão e - máscara ou balão e cânula traqueal.

C – Circulação
- Estimular e manter a circulação sanguínea através de: massagem cardíaca e medicações.

Passos iniciais:

Os passos iniciais, que devem ser realizados em 20 segundos são:
 
- Prevenir a perda de calor que pode ser feita colocando o RN sob fonte de calor radiante e secando rapidamente o liquido amniótico.

- Manter vias aéreas pérvias

Posicionar o RN corretamente para assegurar a permeabilidade das vias aéreas e aspirar boca e o nariz do neonato. O RN deve ser colocado em decúbito dorsal, com o pescoço ligeiramente estendido. Deve-se tomar cuidado para prevenir a hiperextensão ou a flexão do pescoço, uma vez que essas posições podem diminuir a entrada de ar para os pulmões.
Se o RN apresentar grande quantidade de secreções na região oral, pode-se tentar virar a cabeça do paciente para um dos lados. Isso permitirá o acúmulo das secreções na própria boca, de onde são mais facilmente removidas. A boca é a primeira a ser aspirada, de modo a garantir que não haja nenhuma secreção nas vias aéreas, caso o RN respire durante a sucção das narinas. Se as secreções da boca e narinas não forem removidas antes do neonato iniciar os movimentos respiratórios, elas podem ser aspiradas para traquéia e para os pulmões.

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