Os
primeiros minutos da vida de um recém-nascido (RN) são críticos, pois
representam um período no qual a criança está sofrendo uma transição repentina
do útero materno para o meio extra-uterino. Um dos maiores problemas
encontrados nesse período é a asfixia perinatal. Os neonatos são mais propensos
à asfixia e tem uma probabilidade maior de necessitarem de reanimação do que
indivíduos de quaisquer outras faixas etárias. O atendimento ao paciente
asfixiado logo após o nascimento pode afetar diretamente a sua qualidade de
vida e ter consequências a vida inteira.
Todo
RN tem o direito de receber, se necessário, uma reanimação realizada com alto
nível de competência. O material apropriado deve estar disponível em toda sala
de parto, e os profissionais de saúde devem estar aptos a reanimar o RN e
capacitados a trabalhar de maneira integrada, em equipe.
Apnéia
Parada
respiratória que ultrapasse a duração habitual da pausa de um ritmo periódico,
habitualmente maior que 20 segundos, acompanhada de bradicardia e cianose.
A
compreensão da fisiopatologia da asfixia irá ajudar a selecionar a conduta
apropriada para reanimação do RN.
Apnéia
primária
Quando
o feto ou o RN sofre privação de oxigênio, no período inicial nota-se a
presença de movimentos respiratórios rápidos. Se a asfixia persiste, cessam os
movimentos respiratórios, a frequência cardíaca começa a cair e o paciente
entra em um período de apnéia, conhecido como apnéia primária. A administração
de oxigênio suplementar e o estimulo tátil, durante esse período de apnéia
levam ao reinício da respiração espontânea, na maioria dos pacientes.
Apnéia
secundária
Se
a asfixia persiste, o RN desenvolve movimentos respiratórios profundos, semelhantes
a suspiros (gaspings), a frequência cardíaca continua a diminuir e a pressão arterial começa
a cair. Os movimentos respiratórios tornam-se cada vez mais fracos, até o
ultimo suspiro, quando o RN entra em um período de apnéia, chamado apnéia
secundária. Durante a apnéia secundária, a frequência cardíaca, a pressão
arterial continua a cair cada vez mais. Nessa fase, o RN não responde à
estimulação tátil. A ventilação com pressão positiva deve ser iniciada
imediatamente.
O
parto de um neonato deprimido ou asfixiado pode ser previsto com base na
anamnese, ou seja a história gestacional materna.
Fatores
que aumentam o risco de asfixia:
Período
pré-parto:
diabetes materno, doença hipertensiva especifica da gravidez (DHEG),
isoimunização Rh, natimorto pregresso, sangramento no segundo ou terceiro
trimestre, infecção materna, gestação múltipla, discordância entre peso e idade
gestacional, dependência de drogas.
Período
intraparto:
cesárea, apresentação anormal, trabalho de parto prematuro, amniorrexe superior
a 24hs, liquido amniótico meconial, parto prolongado (>24hs), período
expulso prolongado(>2hs), frequência cardíaca fetal inconstante, uso de
anestesia geral, tetania uterina, prolapso de cordão, placenta prévia.
ABC
da Reanimação
A
– Vias aéreas
-
Posicionar o RN adequadamente
-
Aspirar a boca, as narinas e em alguns casos a traquéia
-
Se necessário, inserir a cânula traqueal para manter a via aérea pérvia.
B
– Respiração
-
Usar a estimulação tátil, para iniciar os movimentos respiratórios.
-
Empregar a ventilação com pressão positiva quando necessário através de balão e
- máscara ou balão e cânula traqueal.
C
– Circulação
-
Estimular e manter a circulação sanguínea através de: massagem cardíaca e
medicações.
Passos
iniciais:
Os
passos iniciais, que devem ser realizados em 20 segundos são:
-
Prevenir a perda de calor
que pode ser feita colocando o RN sob fonte de calor radiante e secando
rapidamente o liquido amniótico.
-
Manter vias aéreas pérvias
Posicionar
o RN corretamente para assegurar a permeabilidade das vias aéreas e aspirar
boca e o nariz do neonato. O RN deve ser colocado em decúbito dorsal, com o
pescoço ligeiramente estendido. Deve-se tomar cuidado para prevenir a
hiperextensão ou a flexão do pescoço, uma vez que essas posições podem diminuir
a entrada de ar para os pulmões.
Se
o RN apresentar grande quantidade de secreções na região oral, pode-se tentar
virar a cabeça do paciente para um dos lados. Isso permitirá o acúmulo das
secreções na própria boca, de onde são mais facilmente removidas. A boca é a
primeira a ser aspirada, de modo a garantir que não haja nenhuma secreção nas
vias aéreas, caso o RN respire durante a sucção das narinas. Se as secreções da
boca e narinas não forem removidas antes do neonato iniciar os movimentos
respiratórios, elas podem ser aspiradas para traquéia e para os pulmões.
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